Abstract:
A questão central abordada nesta dissertação é a participação dos beneficiários e beneficiárias do Programa Bolsa Família frente à proposta de qualificação profissional ofertada pelo Programa Próximo Passo. O programa teve por objetivo qualificar membros das famílias do programa de transferência de renda, por meio de cursos voltados às áreas da construção civil e do turismo, para que, em etapa posterior, estes pudessem ser contratados pelas executoras do Programa de Aceleração de Crescimento PAC. A sociedade brasileira, ao adentrar em um ciclo articulado de estratégias marcadamente neoliberais na década de 1990, impeliu massas de trabalhadores e suas famílias às categorias mais rudimentares da sociedade salarial. O acirramento das metodologias antitrabalhistas daquela época promoveu um ciclo geracional de perpetuação da pobreza, mantendo esse trabalhador e sua família ao isolamento social até os dias de hoje. Mesmo diante de uma conjuntura socioeconômica positiva, essa população empobrecida tem encontrado dificuldades em adquirir ativos sociais ou, ainda, em acessar as oportunidades que outras categorias sociais têm conquistado na última década. Este trabalho propõe-se a investigar as causas que fizeram com que beneficiários e beneficiárias não aderissem (ou aderissem) à proposta de qualificação do Programa Próximo Passo na cidade de Contagem/MG. A investigação utiliza da análise de dados secundários coletados nas duas secretarias envolvidas e uma pesquisa de campo junto a beneficiários, beneficiárias, técnicos(as) e gestores(as) das políticas públicas de trabalho e renda e assistência social. A dissertação vai apontar que as consequências do isolamento social (educacional, laboral e territorial) durante boa parte da trajetória de vida dos beneficiários ainda presente na conjuntura familiar atual , e agravadas com a questão de gênero das beneficiárias, vêm alimentando um quadro de estagnação e imobilismo frente às possibilidades em acessar as oportunidades surgidas ou as oferecidas por meio das políticas públicas. Falhas operacionais do programa e a ausência de um diagnóstico participativo que poderia ter captado tais limitações e vulnerabilidades antes de sua elaboração impediram, portanto, maior adesão do público-alvo a ele, bem como uma maior eficácia em seus resultados.