Abstract:
A distribuição de renda brasileira é uma das piores do mundo. Surpreendentemente, entretanto, a desigualdade da renda brasileira passa a dar sinais de queda desde o começo do milênio. Entre as medidas apontadas como favoráveis à queda na desigualdade está o Bolsa Família, programa de transferência condicionada de renda que deveria atuar como uma política pública para complementação de outras políticas (educação, saúde, trabalho), com vistas a articular o traço compensatório da transferência monetária com mecanismos estruturais de médio e longo prazo que dariam mais oportunidades para as pessoas adquirirem renda e riqueza por elas mesmas. Apontar limites ao Bolsa Família, tal como está implementado hoje no Brasil, é uma maneira de chamar a atenção para a importância de se introduzir na agenda pública a questão do bem-estar e da justiça social. Afinal, somente quando se perceber que a renda garantida, paga incondicionalmente a cada cidadão, é justa, eqüitativa e eticamente aceitável, haverá condições para que ela se transforme numa política estruturante de um novo padrão de relações socioeconômicas.