Abstract:
No presente trabalho estudou-se a relação entre o consumo residencial de energia e a qualidade de vida para as condições brasileiras no período compreendido entre 1970 e 2005. Como indicadores de qualidade de vida foram utilizados os índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), Infantil (IDI) e Familiar (IDF) e as demandas energéticas para o setor residencial foram desagregadas em seus componentes (energia elétrica, gás liquefeito de petróleo (GLP) e lenha), calculados em termos de energia útil. Para a energia elétrica e o gás, constatou-se uma correlação positiva, ou seja, o crescimento da demanda energética se associou a uma melhoria da qualidade de vida, enquanto para a lenha observou-se uma correlação negativa. Durante o período estudado ocorreram contextos de contração da demanda energética per capita, que entretanto não apresentaram reduções correspondentes na qualidade de vida e sinalizaram a possibilidade de se promover o uso racional de energia sem perdas de qualidade de vida. Foram analisadas as políticas energéticas em nível federal voltadas para o setor residencial, particularmente os programas de eletrificação rural, as tarifas de energia elétrica subsidiadas para baixos níveis de consumo e o Auxílio-gás, posteriormente incorporado à Bolsa-família, permitindo determinar o benefício associado por estas políticas à qualidade de vida da população brasileira. Concluiu-se que os aumentos do consumo residencial de energia útil, bem como as políticas energéticas efetuadas pelo Governo Federal contribuíram para a melhoria da qualidade de vida da população, em especial a de baixa renda, no Brasil de 1970 a 2005.