Abstract:
A fome constitui uma grave expressão da questão social brasileira e sua persistência reflete o elevado grau de desigualdade social que marca nosso país. Desde que o Estado brasileiro passou a intervir na questão social – processo iniciado nos anos 1930 – é possível observar um conjunto de intervenções públicas no combate à fome, com desenhos, enfoques, características e alcance extremamente diversos. Em 2003, o governo federal lançou o Programa Bolsa Família com o objetivo de combater a fome e a pobreza em nosso país. Trata-se de um programa voltado a famílias pobres e extremamente pobres, que associa a transferência monetária ao cumprimento de um conjunto de condicionalidades. Essa dissertação tem por objetivo analisar as repercussões do Programa Bolsa Família no combate à fome, a partir da percepção das famílias beneficiárias. O estudo toma por base a experiência de implementação do programa no município de Belo Horizonte, mais especificamente na regional Noroeste. A pesquisa contou com levantamento bibliográfico e documental sobre o Programa seja em âmbito nacional quanto municipal e realização de entrevistas com um representante da gestão municipal e com as famílias beneficiárias. Os resultados demonstraram que as famílias têm uma avaliação bastante positiva do programa no que diz respeito ao enfrentamento da fome e melhoria de suas condições de vida. A menção ao beneficio monetário ora como única renda, ora como ajuda demonstra o quanto esse valor em dinheiro influenciava sua qualidade de vida. No entanto, os entrevistados relataram que o programa não atinge todas as pessoas que se enquadram nos critérios. Foi unânime a percepção de que o trabalho é algo importante e indispensável para a sua condição humana. Em relação às contrapartidas, as famílias beneficiárias avaliaram de forma positiva e destacaram a importância das ações de capacitação, inclusive como condição que possibilita a inserção no mercado de trabalho. Esta pesquisa surge da necessidade de se ampliar os estudos existentes sobre Assistência Domiciliar (AD), bem como da necessidade de compreensão dos significados dos conteúdos vividos e percebidos pelos familiares das crianças atendidas pelo Programa de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (PADI-IFF). Trata-se de uma pesquisa, com abordagem qualitativa e um estudo de caso, cujo objetivo será de compreender as estratégias utilizadas pelas famílias na organização do espaço familiar e no cuidado às crianças dependentes de tecnologias através da assistência domiciliar. O cotidiano doméstico da assistência domiciliar revela características básicas desse “novo” modelo de atenção em saúde e as representações das mudanças existenciais provocadas pelo viver com uma criança doente crônica no ambiente familiar. Este “novo” modelo mostra a existência de três mundos diretamente interligados: o mundo da tecnologia, o mundo da equipe de saúde e o mundo do ambiente domiciliar. Mostra ainda a interação constante destes mundos na concretização deste tipo de assistência. Na experiência deste encontro entre os três mundos, ganha destaque em nossa pesquisa as estratégias utilizadas pelas famílias no ato de cuidar e de viver esta nova realidade. Os estudos sobre a assistência domiciliar são ainda lacunares quanto aos impactos deste “novo” programa sobre a ambiência familiar. O grande desafio desta pesquisa foi de investigar e esclarecer qual o sentido deste “novo” programa na vida, no cotidiano dos pacientes e familiares envolvidos neste processo, através da técnica narrativas sob a luz dos pensamentos de Mikhil Bakhtin e de Michael Foucault. Assim pretende-se resgatar o olhar que os familiares tem sobre esses processos, os modos como se organizam, as redes que tecem e os significados que constroem para o gesto de cuidar no domicílio.