Abstract:
Esta pesquisa se propôs descrever quais são as ações tidas como de Promoção à Saúde que se desenvolvem nas Unidades de Saúde circunscritas à macrorregião de Maruípe, no município de Vitória-ES, verificar as concepções que as embasam e as dificuldades para sua realização. Além disso, desenvolve análise das atividades que são realizadas em nome da Promoção à Saúde, especificamente em uma US dessa macrorregião. Examina particularmente as relações que se estabelecem entre usuários e os profissionais responsáveis por estas ações. Avalia em que momentos as práticas de Promoção à Saúde alcançam uma potencialização da autonomia dos sujeitos e aponta aqueles que contribuem para a subjugação aos saberes especialistas, negando a palavra ao outro, desconsiderando seu saber, ou desqualificando os modos de vida exercidos pelos usuários. As concepções de Promoção à Saúde são várias, e incluem tanto atividades dirigidas à transformação dos comportamentos dos indivíduos, focalizadas na mudança dos estilos de vida, quanto àquelas que abrangem atividades voltadas para o coletivo e o ambiente físico, social, político, econômico e cultural, daí a relevância de considerar, no cotidiano dos serviços, como acontecem tais atividades. Para cumprir os objetivos, foram realizadas cinco entrevistas individuais com roteiro semi-estruturado com os profissionais de saúde e duas entrevistas coletivas com os usuários participantes das ações. O trabalho de campo consistiu no acompanhamento do cotidiano do serviço durante os meses de julho a outubro de 2008, resultando em aproximadamente 130 horas de observação de atividades específicas. São analisadas seis modalidades diferentes de ação tidas como de Promoção à Saúde: Atividade Física, Grupo “Futuro do amanhã: corpo em movimento”, Fitoterapia, “Bolsa Família”, Ação Anti-Tabagismo e o “HIPERDIA”. Constata que existe uma indistinção entre aquilo que se considera ação de Prevenção de Doenças e aquelas que se configuram como sendo de Promoção à Saúde. Avalia que as possibilidades de construção de espaços coletivos de troca que contribuam para a edificação de outros modos de estar no mundo e para o fortalecimento das lutas por melhores condições de vida e saúde estão virtualmente presentes. Há grande esforço por parte dos profissionais para a realização das ações coletivas de Promoção à Saúde, porém as dificuldades e os entraves são inúmeros, o que faz com que tais ações estejam por vezes esvaziadas de usuários e outras carentes de sentido, tanto para quem faz quanto para quem participa. Ressalta que há grande verticalização na eleição das ações que são realizadas pela US, visto que é o poder de indução do MS e da SEMUS que elegem as prioridades, o que faz com que as ações sejam realizadas sem planejamento ou avaliação por parte dos profissionais envolvidos. As relações que se estabelecem entre os usuários e profissionais são predominantemente verticalizadas, com pouco espaço para falas proporcionado por estes últimos ou estímulo às trocas entre eles. Prima-se por orientações e prescrições de condutas tidas como saudáveis e pela insistência na necessidade de mudança nos estilos de vida, mesmo que os usuários resistam, seja faltando aos encontros ou afirmando que, ao final, fazem “tudo do jeito deles”.