Abstract:
As comunidades rurais de Bom Jesus (Flores) e Barragem do Mel (Calumbi), localizadas nas proximidades do quilômetro 370 da rodovia BR 232, que liga Recife à Parnamirim, comercializam em frente as suas residências cactáceas nativas da região há algumas décadas. Esses habitantes parecem depender do programa Bolsa Família do Governo Federal para sustentar suas famílias, sobretudo, em períodos de seca. Na estação chuvosa, também produzem alimentos para a subsistência em seus roçados e em tempos de fartura, comercializam o excedente. A venda de plantas nativas como o cactos coroa-de-frade parece ocorrer ao longo de todo ano e fornecer rendimento que auxilia na melhoria da qualidade de vida desses habitantes. Entretanto, esse comércio é considerado ilegal no Brasil e a coleta de plantas nativas dessa família põe em risco toda uma cadeia biológica. O objetivo deste estudo foi Avaliar a situação socioeconômica das comunidades rurais de Calumbi e Flores, residentes às margens da BR 232 nas proximidades do Km 370 e a comercialização de espécies de plantas por essas comunidades. Trata-se de um estudo transversal, bibliográfico, ex-post-facto, exploratório e descritivo seguido de um levantamento de dados por meio de questionários e entrevistas estruturadas, a fim de identificar a relação dos dados socioeconômicos com a exploração do homem e a natureza local. Os dados foram analisados por estatística descritiva e expressos em frequências observadas e médias e apresentados em tabelas. Neste estudo, observou-se que todos os moradores das comunidades de Bom Jesus (Flores) e Barragem do Mel (Calumbi) possuem casa própria simples e são os legítimos proprietários das terras que ocupam. Todas as casas são simples, de alvenaria, sem redes de esgoto, sem vasos sanitários ou fossa séptica e não possuem água canalizada vinda da rua, mas, por poços construídos pela prefeitura, que são regularmente abastecidos com água para o uso doméstico. A eletricidade está limitada às residências. Nenhuma das residências possui telefonia fixa, apenas, móvel. A média de moradores na comunidade Bom Jesus é de 4,3 pessoas em cada residência e na comunidade Barragem do Mel é de 5,3 pessoas. Todos os responsáveis por cada residência das duas comunidades são agricultores. Todos os seus dependentes (filhos) estão cursando o nível fundamental. As principais lavouras cultivadas pelos agricultores de ambas as comunidades são: feijão, milho e abóbora. Além desse cultivo, as comunidades utilizam-se da coleta de plantas nativas ornamentais na região para complementar a sua renda familiar. A grande maioria das plantas coletadas são das famílias das Cactaceae e euphorbiaceae, popularmente denominadas cactos. Também podemos encontrar, em algumas barracas, uma ou outra espécie de Bromeliaceae. As espécies de Cactáceas coletadas são: xique-xique (Pilosocereus gounellei), quipá (Tacinga inamoena Lima e Melo), coroa-de-frade (Melocactus Zenhtneri), rabo-de-raposa (Harrisia adscendens), facheiro (Pilosocereus chrysostele), mandacaru (Cereus Jamacaru), palma (Tacinga palmadora), Arrojadoe rhodanta (facheiro). Da família Bromeliaceae são utilizadas duas espécies, são elas: Bromelia laciniosa, Neoglaziowia variegata. Os resultados encontrados neste estudo sugerem a necessidade de desenvolverem-se políticas públicas, a fim de esclarecer a estas famílias sobre o risco do uso de plantas nativas e ao mesmo tempo trazer soluções para o desenvolvimento sustentável.