Abstract:
Este estudo procurou calcular e analisar o impacto do crescimento, da redistribuição de renda e do Programa Bolsa Família (PBF) sobre a variação da pobreza e extrema pobreza no Brasil no período entre 2003 e 2009. Primeiramente buscou-se mensurar a probabilidade do indivíduo ser pobre, extremamente pobre ou não pobre quando beneficiário do PBF. Em seguida foi possível através do escore de propensão (PSM) calcular o quanto em termos percentuais o programa contribuiu para a redução da pobreza entre os beneficiários no ano de 2006. Por último foi realizada a decomposição da pobreza em dois componentes, crescimento e redistribuição, através da decomposição de Shapley, no período de 2003 e 2009, o que permitiu quantificar e analisar os efeitos de cada um dos componentes na variação dos índices de pobreza: a proporção de pobres (P_0), o hiato da pobreza (P_1), e a desigualdade entre os pobres (P_2), com e sem a renda proveniente do PBF (rdpc e rdpcl). A partir das análises do modelo logit multinomial, foi possível concluir que indivíduos com alguma dessas características: não-brancos, com baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo), ocupados em trabalhos informais ou desempregados, residentes em zonas urbanas e nas Regiões Norte e Nordeste com destaque para o Nordeste, além de famílias com pai e mãe ou mães solteiras com todos os filhos em idade abaixo de 14 anos, têm maior probabilidade de estar em situação de pobreza e extrema pobreza. Além disso, a análise do modelo também mostrou que em 2006 o PBF aumentou a razão de chance de o beneficiário ser pobre ou extremamente pobre. Já a análise do ATT, apontou um resultado significativo, o que indicou que, em 2006, apesar dos aspectos negativos, o PBF ajudou a reduzir a proporção de pobres e extremamente pobres em 30 pontos percentuais entre os beneficiários, demonstrando que a renda advinda do programa tem sido de extrema importância para complementar a renda domiciliar per capita das famílias beneficiárias. Os resultados da decomposição da pobreza mostraram que no período analisado o componente crescimento econômico foi o principal responsável pela redução das medidas de pobreza no país, e o componente de redistribuição de renda atuou como um complemento ao crescimento econômico. Além disso, quando somado a renda proveniente do PBF, tanto o crescimento econômico como a redução da desigualdade foram mais eficazes na redução da pobreza.